31/07/2013

A Idade da Inocência - Edith Wharton OPINIÃO!!!!

Jornal Público|Colecção Mil Folhas|320 Páginas



Já tive a feliz oportunidade de ler alguns livros de Edith Wharton, a meu ver uma das melhores escritoras americanas do século XIX!

Por outro lado, já assisti à adaptação cinematográfica deste romance pela mão do meu realizador preferido, Martin Scorsese, e por isso sabia o enredo do livro. Contudo, o facto de ter visto o filme previamente não me desmotivou minimamente para ler este clássico da literatura já que a “marca” de Edith Wharton é sinónimo de qualidade.

À semelhança da maioria dos seus romances, a autora tece o quadro da sociedade Nova Iorquina do Séc. XIX de uma forma muito peculiar, através da caracterização das personagens e da sua envolvência de uma forma realista e confere ênfase à psicologia humana: os seus desejos e medos mais profundos que cada um guarda para si, na maioria das vezes para não irem contra os convencionalismos da época.

Newland Archer, o personagem principal do livro, tem uma abertura cultural e intelectual vanguardista e, por isso, não se consegue inserir convenientemente nas regras pré – estabelecidas da sociedade. Assim, é uma personagem em permanente luta interior entre a vontade de demonstrar o que realmente pensa ou preservar isso para si de modo a não ser confrontado pela crítica dos que o rodeiam!

É nesse contexto que a vida de Archer é abalada pela chegada da condessa Olenska que, tal como ele, não se adapta às regras sociais. Esta partilha de valores e opiniões fará despoletar a paixão entre ambos e tal não seria surpreendente, não fosse o facto de, por um lado, Archer estar noivo e, por outro, a condessa Olenska estar em processo de divórcio.

São estes condicionalismos e lutas morais que nos acompanham ao longo das cerca de trezentas páginas do romance!

A descrição e crítica social são ricas em pormenores e fazem o leitor reflectir. Por entre salões de baile, festas e costumes há espaço ainda para uma pitada de sentido de humor, apesar de prevalecer o pessimismo das personagens do princípio ao fim do livro.

Não é uma história de amor convencional, é mais do que isso: é o retrato de uma cidade, de uma época, de escolhas e do modo como as personagens têm de conviver com isso.

Foi, assim, uma leitura deveras enriquecedora e emotiva que me fez reflectir sobre a evolução das mentalidades (nomeadamente no que se refere à condição da mulher) e de como é essencial transmitir os nossos sentimentos na altura certa porque, afinal, mais tarde poderá ser tarde de mais!


A Autora:
Edith Wharton nasceu em Janeiro de 1862, filha de uma família de Nova Iorque com prestígio e “dinheiro antigo”. Em 1885, aos 23 anos, casou com Edward Wharton, um aristocrata de Boston vinte anos mais velho que aceitou passar temporadas na vida agitada e cosmopolita de Paris no virar do século. Edith compra um automóvel e anda nele a “grandes velocidades” com um grupo de amigos que incluia o escritor Henry James e, mais tarde, Fitzgerald, Hemingway, Roosevelt ou Jean Cocteau. São anos frenéticos em que atravessa 64 vezes o Atlântico.
Em 1905 publicou pela primeira vez um romance, “A Casa da Alegria” (ed. Presença), a história da degradação de uma mulher a quem a sociedade não deixa sair do beco em que o seu casamento se transformara. A história tinha alguma coisa a ver com ela, como se percebeu mais tarde, uma vez que o seu casamento ia de mal a pior. O marido parece que era uma nulidade em tudo, sexo incluído. Em Edith 1909 arranja um amante; em 1911 decide estabelecer-se definitivamente em França; em 1913 divorcia-se.
Na I Guerra Mundial utiliza os seus conhecimentos para obter permissão de se deslocar às linhas da frente num “side-car” e, de regresso a Paris, trabalha na Cruz Vermelha na assistência a refugiados. Foi depois condecorada com a “Legion d’Honneur” pelo estado francês. Após a Guerra Edith Wharton só viaja uma única vez aos Estados Unidos. Morre na França, em 1937.

A minha classificação:  6 – Muito Bom.

Período de Leitura: De 13 a 18 de Julho de 2013.

1 comentário:

Antonio Manuel disse...

Mais uma excelente crítica a um excelente livro. Não esquecer a sua passagem para cinema num filme com o mesmo nome!!!

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