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Porto Editora| 456págs| 16,60€ |
O prazer de ler um livro advém,
também, do que podemos aprender através da sua leitura. Como leitora que sou há
muitos anos, já aprendi bastante com muitos livros e considero que, quando se
aprende com ele, o livro torna-se ainda mais importante e mágico.
Assim, posso afirmar sem
hesitações que a leitura de “O Olhar de Sophie” foi uma aprendizagem constante
o que contribuiu para a considerar deveras interessante.
A acção do livro decorre em dois
períodos temporais diferentes: um durante a 1ª Guerra Mundial, em França e o
segundo na actualidade, em Londres. Entre ambos decorre um século e, por isso,
desde logo surge a questão: o que terá acontecido entre um período e outro, durante
aproximadamente um século?
Jojo Moyes entrelaça
magistralmente a vida das personagens e as descrições dos acontecimentos de um
período e outro e ficamos cientes que o que ocorre durante a Primeira Grande
Guerra irá influenciar, irreversivelmente, a vida das personagens na
actualidade.
Em 1916, Sophie vive, juntamente
com a sua família, as privações provocadas pela Guerra e o que a faz tentar
seguir a sua vida é o seu grande amor, Édouard Lefèvre, um pintor conceituado.
Contudo, inexplicavelmente, a sua vida muda e só passado um século é que
descobrimos o que realmente aconteceu a essas personagens e ao famoso retrato
de Sophie, pintado por Édouard.
Nos nossos dias, Liv vive
amargurada por uma perda recente quando se vê envolvida numa batalha por algo
que lhe é muito querido e pelo qual luta com unhas e dentes.
São as histórias destas duas
mulheres que engrandecem este romance, são mulheres tenazes, lutadoras que,
perante situações adversas não cruzam os braços e cuja força motriz das suas
vidas é, sobretudo, o amor.
“O Olhar de Sophie” fez-me
reflectir bastante sobre a Primeira Guerra Mundial. Actualmente, a literatura
foca-se sobretudo na Segunda Guerra,
provavelmente devido à sua proximidade cronológica e descura um pouco o que
ocorreu em toda a Europa durante
Primeira Guerra: a fome, a existência, já então, de campos de trabalhos forçados,
as pilhagens e o carácter já aí repugnante dos alemães.
Conclui–se, portanto, que Jojo Moyes efectuou um longo trabalho de
pesquisa para escrever este livro o que denota um cuidado extra para dar aos
leitores novos factos, para ensinar os leitores e para os chamar à atenção para
a questão social de então. O trabalho de investigação de um escritor é, para
mim, uma mais- valia porque não me interessam livros que se limitem a contar
histórias simples, desprovidas de um significado ou de uma lição de vida.
As personagens são em grande
número neste romance, todas elas com características muito particulares, mas
destaco a Liv, com a qual tive uma forte
empatia: é uma mulher que luta por aquilo que ama, determinada e astuta.
Um tópico fundamental deste livro
é a “Arte” e a forma como esta foi pilhada e menosprezada, tanto na Primeira
como na Segunda Guerra Mndial pelos Alemães. Estes não olhavam a meios para
obterem as melhores obras, desprezando os artistas que as criaram e as
histórias que nelas habitavam. Esta situação, aprofundada em “O Olhar de
Sophie” fez-me lembrar um filme que fui ver ao cinema há pouco tempo “The
Monuments Man” que retrata também essa realidade, durante a Segunda Guerra
Mundial mas pelas mãos nazis.
É impressionante como a Arte sempre foi
menosprezada durante décadas e isso revolta-me: a Arte é, a meu ver, uma forma
de transmitir o belo ou o modo como o artista vê a vida que o rodeia, é
História, é emoção, é vida! E dá que pensar como milhares de obras foram
destruídas e como se perderam para sempre!! As Guerras toldam a racionalidade
das pessoas e o mal devasta tudo, mas será que consegue destruir o belo e as
memórias das pessoas que viveram nesses tempos difíceis?
Mais que um romance, este livro é
uma reflexão, com uma pitada de humor e com um final surpreendente e emotivo
que não poderá deixar ninguém indiferente!
Classificação: 6 - Muito Bom.
Já li de Jojo Moyes:
Outros Livros da autora:
1 comentário:
Mais uma excelente crítica.
Este blogue continua a ser um bom contributo para divulgação dos livros e da leitura.
Um pequeno aparte: parece que a Alemanha não perdeu o gosto pela "PILHAGEM".
Para a frente "Biblioteca Aberta"!!!
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