Edição/reimpressão: 2004
Páginas: 330
Editor: Editorial Caminho
ISBN: 9789722116084
Sinopse:
Num país indeterminado decorre, com toda a normalidade, um processo eleitoral. No final do dia, contados os votos, verifica-se que na capital cerca de 70% dos eleitores votaram branco. Repetidas as eleições no domingo seguinte, o número de votos brancos ultrapassa os 80%.
Receoso e desconfiado, o governo, em vez de se interrogar sobre os motivos que terão os eleitores para votar branco, decide desencadear uma vasta operação policial para descobrir qual o foco infeccioso que está a minar a sua base política e eliminá-lo. E é assim que se desencadeia um processo de ruptura violenta entre o poder político e o povo, cujos interesses aquele deve supostamente servir e não afrontar.
Ensaio sobre a Lucidez constitui uma representação realista e dramática da grande questão das democracias no mundo de hoje: serão elas verdadeiramente democráticas? Representarão nelas os cidadãos, os eleitores, um papel real, e não apenas meramente formal?
A minha Opinião:
A escolha da leitura deste livro baseou-se fundamentalmente no facto de, tal como a sua acção, vivermos actualmente duas fases eleitorais ( primeiro as legislativas e proximamente as autárquicas). Assim, nada melhor que analisarmos a opinião de José Saramago sobre a política nacional que, após a leitura do livro, concluímos não ter mudado significativamente desde o ano em que o livro foi publicado (2004).
Pautado pela escrita incomparável de Saramago bem como pelo seu sentido de humor, este livro constitui uma crítica explícita ao poder instituído e às instituições políticas que o constituem (são os ministros que nada fazem, é o Presidente da República que se encontra imóvel perante as adversidades, etc).
Após uma votação em branco maciça, o caos instala-se numa cidade sem nome e a anarquia substitui a tranquilidade presente até então. E então que atitude tomam os governantes? Fogem da cidade, deixando os cidadãos entregues a si próprios, sem leis, sem regras...
Então eis que surge a ideia luminosa introduzida por uma carta anónima: não passará tudo isto de uma conspiração contra o governo e contra a capital?
Neste marasmo político e social e para o espanto de nós, leitores, surgem personagens já por nós conhecidas de "Ensaio sobre a cegueira".
Receoso e desconfiado, o governo, em vez de se interrogar sobre os motivos que terão os eleitores para votar branco, decide desencadear uma vasta operação policial para descobrir qual o foco infeccioso que está a minar a sua base política e eliminá-lo. E é assim que se desencadeia um processo de ruptura violenta entre o poder político e o povo, cujos interesses aquele deve supostamente servir e não afrontar.
Ensaio sobre a Lucidez constitui uma representação realista e dramática da grande questão das democracias no mundo de hoje: serão elas verdadeiramente democráticas? Representarão nelas os cidadãos, os eleitores, um papel real, e não apenas meramente formal?
A minha Opinião:
A escolha da leitura deste livro baseou-se fundamentalmente no facto de, tal como a sua acção, vivermos actualmente duas fases eleitorais ( primeiro as legislativas e proximamente as autárquicas). Assim, nada melhor que analisarmos a opinião de José Saramago sobre a política nacional que, após a leitura do livro, concluímos não ter mudado significativamente desde o ano em que o livro foi publicado (2004).
Pautado pela escrita incomparável de Saramago bem como pelo seu sentido de humor, este livro constitui uma crítica explícita ao poder instituído e às instituições políticas que o constituem (são os ministros que nada fazem, é o Presidente da República que se encontra imóvel perante as adversidades, etc).
Após uma votação em branco maciça, o caos instala-se numa cidade sem nome e a anarquia substitui a tranquilidade presente até então. E então que atitude tomam os governantes? Fogem da cidade, deixando os cidadãos entregues a si próprios, sem leis, sem regras...
Então eis que surge a ideia luminosa introduzida por uma carta anónima: não passará tudo isto de uma conspiração contra o governo e contra a capital?
Neste marasmo político e social e para o espanto de nós, leitores, surgem personagens já por nós conhecidas de "Ensaio sobre a cegueira".
Devo dizer que realmente esta mudança no decorrer da acção me surpreendeu pela positiva e uma leitura já de si interessante tornou-se ainda mais cativante!
Assim, este livro poder-se-á considerar a continuação do livro " Ensaio sobre a cegueira", sendo a cegueira branca substituída pela "lucidez do voto em branco" (também uma epidemia?ou uma conspiração?).
A partir do momento de "entrada em cena" da mulher que não havia cegado há quatro anos e de todo o restante grupo entrámos numa busca incessante ao responsável pela conspiração.
Quem são os responsáveis?E porquê?
Neste prisma, Saramago tece novas críticas: à polícia, aos órgãos de comunicação social e à justiça.
O soberbo desenrolar da acção tem o seu apogeu no final do livro que é simplesmente surpreendente e ao mesmo tempo revoltante.
Maravilhosamente bem escrito, mais uma vez Saramago não me desilude com a sua capacidade realística e humorística.
Mais um livro que recomendo vivamente e sem reservas!
Classificação - 9/10
Iniciado em 20 de Setembro e terminado a 7 de Outubro.
Quem são os responsáveis?E porquê?
Neste prisma, Saramago tece novas críticas: à polícia, aos órgãos de comunicação social e à justiça.
O soberbo desenrolar da acção tem o seu apogeu no final do livro que é simplesmente surpreendente e ao mesmo tempo revoltante.
Maravilhosamente bem escrito, mais uma vez Saramago não me desilude com a sua capacidade realística e humorística.
Mais um livro que recomendo vivamente e sem reservas!
Classificação - 9/10
Iniciado em 20 de Setembro e terminado a 7 de Outubro.
5 comentários:
Olá!
Eu de José Saramago li Ensaio sobre a Cegueira e Memorial do Convento. Adorei os dois!
Qualquer dia, leio mais um dele. Este parece-me muito bom.
BjOkinha*
Desculpa "enfiar-me" no teu blogue mas fico muito contente com esta tua crítica. É que, a maioria das críticas que li na internet sobre este livro são negativas. E deve ser o livro dele que menos vende pois é o que se vê mais em packs oferta.
Pode não ser dos melhores dele mas é definitivamente um óptimo livro e vale a pena ler!
Adorei a opinião.
Viva!
Reparaste que "Ensaio sobre a Lucidez" é uma espécie de continuação do "Ensaio sobre a Cegueira"?
Inclusivamente Saramago volta a pegar em alguns personagens do livro anterior.
Iceman, sim reparei e até refiro isso na minha crítica ao livro.
Jojo, tenho cá em casa o memorial do convento que também hei-de ler proximamente!
Catarina, não tens de pedir desculpa por te "enfiares" no meu blogue! É sempre bom ter mais pessoas a visitá-lo. Obrigada pelos elogios e realmente lê o livro que é fantástico mas aconselho-te a ler primeiro o " Ensaio sobre a cegueira!.
Ainda não li este de Saramago, mas confio na tua crítica, pois Saramago é o meu escritor português de eleição. :)
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