Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 396
Editor:
Book.it
ISBN:
9789898362568
Sinopse:
Georges
Duroy, de alcunha Bel-Ami, é um homem jovem e de belo físico. Um encontro
ocasional mostra-lhe o caminho da ascensão social. Apesar da sua vulgaridade e
ignorância, consegue integrar a alta sociedade apoiando-se nas amantes e no
jornalismo.
Cinco
mulheres vão sucessivamente iniciá-lo nos mistérios da profissão, nos segredos
da vida mundana e assegurar-lhe o êxito ambicionado. Nesta sociedade
parisiense, em plena expansão capitalista e colonial, a Imprensa, a política e
a finança estão estreitamente ligadas. E as mulheres educam, aconselham e
manobram na sombra.
Mas,
por trás das combinações políticas e financeiras e do erotismo interesseiro,
está a angústia que até um homem como Bel-Ami transporta consigo.
Bel-Ami
é um dos romances mais vezes transposto para o cinema.
Em
2011 os realizadores Declan Donnellan e Nick Ormerod rodaram um novo filme, com
os actores Robert Pattinson (no papel de Georges Duroy), Uma Thurman (Madeleine
Forestier), Kristin Scott Thomas (Virginie) e Christina Ricci (Clotilde).
A minha Opinião:
Penso que já referi anteriormente mas volto a
frisar: ler clássicos da literatura não é uma tarefa simples porque na sua
essência têm muito mais para dar ao leitor do que parece à primeira vista. São
leituras subjectivas, sendo uns livros mais difíceis de ler do que outros, mas
todos têm a capacidade de nos fazer pensar ao virar de cada página.
Este livro não é excepção.
Neste livro oitocentista, o autor, Guy de
Maupassant, descreve minuciosamente as personagens, sobretudo do ponto de vista
psicológico, ponto de parte as descrições dos locais e dos hábitos da época.
Esta foi uma das características que me chamou imediatamente a atenção porque
contrariamente à maioria dos escritores que aliam a personagem às descrições
dos cenários envolventes, Guy de Maupassant foca-se na personagem principal,
Georges Duroy, e tudo gira em torno dele. De facto, este escritor francês
baseava-se na observação fiel da realidade e na experiência para demonstrar que
o indivíduo é determinado pelo ambiente e sobretudo pela hereditariedade.
Esta tendência é notória pela personagem
principal, o Bel – ami, como é chamado pelos amigos.
No início da acção, Bel –ami vê-se inserido
entre duas realidades: a pobreza e a riqueza. Tem um trabalho mal remunerado
que o deixa na miséria e passa por momentos penosos de fome, abandono e
solidão. Mas Georges ou Bel-ami tem a sorte de encontrar nas ruas de Paris um
velho amigo dos tempos da Guerra, Charles Forestier. Este, vendo a situação do
amigo oferece-se para o ajudar e num jantar com o chefe refere o seu nome para
integrar a redacção do jornal onde trabalha, La Vie Française.
É a partir desse momento que toda a vida de
Georges muda: passa rapidamente da pobreza à possibilidade de singrar na vida,
muda hábitos e esbanja dinheiro. Pouco a pouco, tomamos consciência das
mudanças que ocorrem na personagem.
Bel – ami é, a meu ver, ganancioso, ambicioso,
materialista e sem escrúpulos que não olha a meios para atingir os seus fins. Para
o seu sucesso contribui, ainda, a sua beleza e o seu charme, trunfos que
utiliza para seduzir praticamente todas as mulheres que lhe vão surgindo na
vida e através das quais vê mais e melhores oportunidades de subir no estatuto
social.
Esta personagem teve a capacidade de me
irritar ao longo de toda a leitura e talvez por isso tenha demorado mais tempo
a ler este livro. Bel – ami é desprezível e que passa por cima de tudo e de
todos, incluindo amigos, e quem lhe dá a mão para ter sucesso na vida.
Por outro lado, as mulheres que se deixam
enganar pelo seu charme também me conseguiram abespinhar pela sua ingenuidade e
cegueira!
Este clássico desperta emoções e Guy de
Maupassant consegue criar um romance marcadamente psicológico, ao mesmo tempo
que dá a conhecer aos leitores a constituição histórica da vida parisiense no
final do século XIX. E consegue, ainda, colocar a questão: o que a ambição
desmedida pode fazer a um Ser Humano?
É, em suma, um livro interessante, complexo e
refectivo que não nos deixa indiferente.
O
Autor:
Guy
de Maupassant, escritor e poeta francês com predileção para situações
psicológicas e de crítica social com técnica naturalista. Foi um influente
escritor europeu, trazendo em sua bagagem de seguidores o escritor irlandês
James Joyce. Além de romances e peças de teatro, Maupassant deixou 300 contos,
todos obras de grande valor. Faleceu num manicómio pouco antes de completar 43
anos após uma tentativa de suicídio.
A minha classificação: 4 – Interessante.
Período de Leitura: De 20 a 29 de Março de 2013.
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