A Última Fugitiva - Tracy Chevalier OPINIÃO!!!!

Editorial Presença |Coleção: Grandes Narrativas| Nº de Páginas: 296

 ISBN: 978-972-23-5086-0

 

 

Tracy Chevalier é, inegavelmente, uma das minhas escritoras favoritas! É único o modo como caracteriza uma época, os locais e as personagens! Tem um modo de escrever que confere realismo e vida às personagens e à narrativa!

Por isso, foi com grande entusiasmo que tomei conhecimento da publicação deste seu novo romance e fiquei, imediatamente, com imensa vontade e curiosidade de o ler.

A acção do romance decorre na América do século XIX, quando a escravatura era uma realidade nefasta e revoltante.

Honor Bright, após um desgosto amoroso, parte da sua terra natal em Inglaterra, para os EUA na companhia da irmã. Contudo, o seu futuro é imprevisível e assistimos à sua luta pela sobrevivência num país que lhe é estranho.

A adaptação aos novos costumes, tradições e hábitos americanos é ainda mais difícil porque Honor Bright é uma Quaker (nome dado a vários grupos religiosos, com origem comum num movimento protestante britânico do século XVII. A denominação quaker é chamada de Quakerismo, Sociedade Religiosa dos Amigos  ou simplesmente Sociedade dos Amigos ou Amigos e são conhecidos pela defesa do pacifismo e da simplicidade in Wikipédia), com costumes e crenças bastante enraizadas e que são minuciosamente descritas neste livro.

Uma característica ou tradição que considerei muito interessante, por exemplo, é a confecção de Quilts (espécie de colchão ou almofadão preenchido com algo macio e quente, como penas, lã ou cabelos. Quilting, que significa acolchoamento, e Patchwork são parceiros no mundo do artesanato, e têm estado juntos há milhares de anos in Wikipédia). A relevância atribuída à confecção de quilts, a descrição detalhada da sua elaboração e tradição  fez com que a narrativa se tornasse, a meu ver, um pouco exaustiva.

Felizmente, esse exagero é colmatado com a narrativa baseada, por um lado, na vida de Honor e, por outro, pela troca de correspondência entre esta e a sua melhor amiga que se encontra em Inglaterra.

O tom confessional das cartas tornam o livro mais apelativo na medida em que sublinha os sentimentos e desabafos da personagem que, na maior parte das vezes, não tem a coragem de os exprimir livremente.

A temática central neste novo livro de Tracy Chevalier é a escravatura: o modo como os escravos (homens, mulheres e mesmo crianças) eram tratados e o modo como isso os afectava de tal modo que se viam impelidos a fugir, colocando em risco a própria via e daqueles que os ajudavam. 

Em todos os livros desta autora há uma temática-base sobre a qual a narrativa se debruça e tem sempre subjacente um tom crítico incita o leitor a reflectir, não o deixando indiferente à leitura.

Neste caso, o tema é a escravatura e eu não consegui ficar alheia às injustiças, ao sofrimento que durante décadas pautaram a vida dos negros!

Por outro lado, é um livro também sobre a amizade e sobre como os hábitos e as tradições têm de ser muitas vezes ignorados em virtude de um bem maior!

Apesar de Tracy Chevalier ter outros livros com temas mais apelativos (já tive o prazer de os ler todos), este seu último romance não deixou de me surpreender pela positiva! É um bom livro e que recomendo!

A Autora:         

Tracy Chevalier nasceu em Washington D.C., mas aos 22 anos foi viver para Londres, onde reside atualmente com o marido e o filho. Tem um mestrado em Escrita Criativa pela Universidade de East Anglia e é uma autora muito acarinhada pelo público e pela crítica. O seu segundo romance, Rapariga do Brinco de Pérola, recebeu o Barnes and Noble Discover Award, foi um estrondoso sucesso internacional e deu origem a uma versão cinematográfica nomeada para os óscares e protagonizada por Colin Firth e Scarlett Johansson.

A minha classificação: 5 - Bom

Período de Leitura: De 3 a 7 de Julho de 2013.

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