Colecção Público “Autores Premiados pelo Tempo”
Nº de Paginas: 280
Sinopse:
Dom
Casmurro conta a história de Bento Santiago (Bentinho), apelidado de Dom
Casmurro por ser calado e introvertido. Em adolescente apaixona-se por Capitu,
abandonando o seminário e, com ele, os desígnios traçados por sua mãe, Dona
Glória, para que se tornasse padre. Casam-se e tudo corre bem, até o amor se
tornar ciúme e desconfiança. A dúvida da traição de Capitu percorre toda a
obra, agravada pela extraordinária semelhança do filho de ambos, Ezequiel, com
Escobar, o grande amigo de Bentinho.
A minha Opinião:
Estava em grande falta, do ponto de vista
literário, em nunca ter lido um clássico da literatura brasileira. Para colmatar
esta falta resolvi pegar neste livro de Machado de Assis e afirmo, sem hesitar,
que foi uma boa escolha!
Foram variadas as críticas positivas e
construtivas que ouvi relativamente a esta obra e, por isso, a minha
curiosidade levou a melhor.
O que mais me cativou neste romance foi a
linguagem utilizada pelo escritor: vocabulário associado à cultura brasileira,
aliado a um certo sentido de humor e também o facto de a narrativa ser
estabelecida na primeira pessoa.
Bento Santiago é o narrador do livro e relata
a sua vida desde a sua juventude até à altura em que está a escrever o livro.
Entre estes dois momentos, Bento caracteriza personagens e relata aventuras
desde a sua vida no seminário, passando pelo seu romance com Capitu, culminando
no seu ciúme que dá que pensar, dando origem mesmo a diferentes teorias.
A riqueza narrativa deste romance
salienta-se, também, por não ser uma leitura fácil: Machado de Assis procura retractar
a sociedade brasileira de finais do século XIX, ao mesmo tempo que infere uma
densidade psicológica à trama que deixa o leitor agarrado ao livro por um lado,
e por outro, deixa-o a reflectir sobre o mesmo. Gosto particularmente desta
característica: para mim um bom livro é aquele que nos faz pensar, que não é
óbvio, que encobre algo invisível… E neste livro permanece a dúvida…
Dom Casmurro, é um livro complexo, de forte
cariz psicológico que dá liberdade ao leitor de tirar as suas próprias
conclusões.
Agradou-me a escrita de Machado de Assis e,
por isso, pretendo, num futuro próximo, aprofundar a bibliografia deste grande
autor brasileiro!
O Autor:
Escritor
brasileiro, José Maria Machado de Assis nasceu em 1839, no Rio de Janeiro, e
morreu em 1908, de pai mulato carioca e mãe açoriana. Autodidacta e ambicioso,
tornou-se um clássico da língua portuguesa. Os primeiros poemas foram
publicados na imprensa, seguindo-se-lhes crónicas, contos, romances e ensaios
críticos. O seu primeiro livro de poesias, Crisálidas, foi publicado em 1864 e
o seu primeiro romance, Ressurreição, em 1872. Iniciando a sua actividade
literária em pleno Romantismo, tornou-se o autor mais importante da nova
estética do Realismo e foi ainda contemporâneo do Parnasianismo e do
Simbolismo. Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) corresponde à fase do
Realismo psicológico, em que o autor vai mostrar a ambiguidade fundamental do
ser humano, a incapacidade humana de conhecimento do real, substituindo-o,
assim, por uma mistificação. Esta demonstração é muito mais subtil do que a
análise dos meros mecanismos hereditários e sociais próprios do Naturalismo.
Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacob (1904) e Memorial de
Aires (1908), são as obras-primas deste período. Por elas perpassa uma trágica
ironia a par com uma visão sem ilusões da sociedade urbana carioca.
A minha classificação: 6 – Muito Bom.
Período de Leitura: De 10 a 20 de Junho de 2013.
1 comentário:
Dom Casmurro é um livro excepcional.
A personagem Capitu é, ainda hoje, alvo de fortes discussões e diversas teorias. Só posso afirmar uma coisa: OBRIGATÓRIO LER.
Ainda deste autor destaco os romances: Helena, Quincas Borba, Memorial de Aires e muitos contos.
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