O título da obra dá que pensar: O Estrangeiro remete vulgarmente para alguém que não pertence ao local onde se encontra, onde reside. Contudo, neste clássico de Albert Camus, essa definição é muito mais profunda e não pode nem deve ser encarada literalmente.
A personagem principal, Mersault, vê-se confrontado, numa primeira parte do livro, com a morte súbita e inesperada da mãe. Acompanhamos, assim, essa nova fase da sua vida, bem como o seu romance com Maria e o convívio com outras persongens, também elas, complexas de interpretar.Na segunda parte deste romance, deparamo-nos com um homicidio, difícil de explicar, bem como com as interrogações pessoais de Mersault e o modo como encara o seu julgamento.
"O Estrangeiro" é uma personagem complexa: é um homem invulgar e assistimos, à medida que avançamos na leitura, à descrição das suas emoções e das suas reacções aos percalços que lhe vão surgindo na vida.
A personagem Merault é, no fundo, um permanente insatisfeito, tanto com a sua própria vida, como com a sociedade, não conseguindo, por isso, identificar-se com nada ficando a pairar e a questionar tudo e todos, um "estrangeiro" da sua própria existência.
Apesar de ser um livro pequeno, é também complexo de analisar, sendo um clássico de literatura ímpar e que faz juz à sua classificação.
Visto que nunca tinha lido nada de Albert Camus, resolvi investigar e fiquei a saber que "O Estrangeiro" faz parte do Ciclo do Absurdo, trilogia composta por um romance ("O Estrangeiro"), um ensaio ("O Mito de Sísifo") e uma peça de teatro ("Calígula"). Todos descrevem o aspecto fundamental da filosofia do absurdo defendida pelo escritor: uma composição existencialista que observa as composições criadas entre as duas Guerras Mundiais.
É um livro complexo, mas brilhantemente escrito, que faz o leitor reflectir.
Esta leitura despertou-me o interesse pela obra do autor e, por isso, conto ler mais livros seus.
O Autor:
Escritor e ensaísta francês, Albert Camus nasceu a 7 de Novembro de 1913 em Mondovi, na Argélia.
Em 1937 publicou o seu primeiro livro, uma colectânea de ensaios com o
título L'Envers Et L'Endroit (O Avesso e o Direito). No ano seguinte
passou a trabalhar como jornalista no Alger Républicain, chegando a
fazer uma reportagem detalhada sobre a condição dos muçulmanos da região
de Cábila, que lhe valeu as atenções do público e das autoridades
goveramentais.
Com a deflagração da Segunda Guerra Mundial, Camus publicou Noces (1939), uma colectânea de ensaios que reflectiam o estado de espírito consequente ao seu divórcio de Simone Hié, morfinómana com quem havia casado alguns anos antes.
Juntou-se ao movimento da Resistência Francesa e, em 1942, publicou um dos seus romances mais conhecidos, L'Étranger (O Estrangeiro), obra que havia começado a compor na Argélia antes do começo da guerra, e que dava início ao estudo do absurdo, constante no seu trabalho, e que representava a prova aparente, segundo Camus, da não existência de Deus.
Com a deflagração da Segunda Guerra Mundial, Camus publicou Noces (1939), uma colectânea de ensaios que reflectiam o estado de espírito consequente ao seu divórcio de Simone Hié, morfinómana com quem havia casado alguns anos antes.
Juntou-se ao movimento da Resistência Francesa e, em 1942, publicou um dos seus romances mais conhecidos, L'Étranger (O Estrangeiro), obra que havia começado a compor na Argélia antes do começo da guerra, e que dava início ao estudo do absurdo, constante no seu trabalho, e que representava a prova aparente, segundo Camus, da não existência de Deus.
Galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1957, Albert Camus faleceu prematuramente, a 4 de Janeiro de 1960, num acidente de viação ocorrido nas cercanias de Sens, em França.
Período de Leitura: De 18 a 25 de Setembro de 2013.
A minha Classificação: 5 - Bom.
1 comentário:
Mais uma excelente crítica a uma obra
de um grande escritor.
Para além dos livros mencionados não se pode deixar de ler, entre outros, "A PESTE ".
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