My rating: 4 of 5 stars
Razões da escolha do livro: Desafio do mês de Outubro e foi um livro comprado na feira do livro de 2012.
Proveniência: A minha biblioteca.
A minha Opinião:
Júlio Magalhães, juntamente com José Rodrigues dos Santos, são dois escritores portugueses que aprecio ler particularmente.
Em “Longe do meu Coração”, Júlio Magalhães traça o retrato da emigração portuguesa para França, nas décadas de 50 e 60.
As causas que levaram milhares de portugueses a emigrar nessa época foram variadas. Contudo, as que motivaram Joaquim, a personagem principal deste romance, foram a procura por uma vida melhor (que Portugal não tinha condições de oferecer) e fugir à Guerra Colonial.
Juntamente com o seu grande amigo Albano, Joaquim tenta dar “o salto”, como se dizia na altura, ou seja, empreender numa viagem complexa e clandestina (para que a PIDE não os apanhasse), desde Portugal até França, pontuada por muitos percalços e até muito sofrimento.
Joaquim, com poucos estudos (afinal a grande maioria da população não tinha mais do que a quarta classe, contrariamente ao que se assiste actualmente em que a emigração é constituída sobretudo por pessoas qualificadas), chega finalmente a França e vai viver com o tio. Todavia, os sonhos que tinha e o que idealizava são afinal bem diferentes daquilo que na realidade encontra nos arredores de Paris “Joaquim não queria acreditar no que os seus olhos viam. Tinha saído a salto de Portugal, viajado apertado em camionetas de gado, andado quilómetros a pé(…) e agora estava ali, na capital portuguesa em França. O sítio onde (…) podia enriquecer e concretizar os seus sonhos. Mas o que via era um bairro de lata (…)Mas Joaquim não estava disposto a baixar os braços” .
De facto, Joaquim luta para vencer na vida, apesar das muitas adversidades que lhe vão surgindo.
Mas nem tudo é mau porque encontra Françoise, por quem se apaixona, apesar do desprezo da sua família.
Esta é uma história marcante, real, comovedora de factos que caracterizaram uma época e que afectaram muitas pessoas e famílias.
As descrições de Paris são também formidáveis e enriquecedoras e ao lê-las apeteceu-me lá voltar!
Para além de tudo, este livro também permite-nod reflectir e comparar as duas emigrações, a da década de 60 e a actual: ambas forçadas pela força das circunstâncias, pela procura por uma vida melhor, mais e melhores oportunidades. Há, todavia, duas grandes diferenças: enquanto a primeira era constituída por pessoas pouco ou nada qualificadas, actualmente quem emigra são jovens licenciados; e enquanto na década de 60 havia um destino muito bem definido (França), actualmente aos emigrantes coloca-se a questão: para onde ir?
Um livro que recomendo e que não deixa ninguém indiferente!
O melhor: As descrições de Paris, a história de amor e a perseverança. Foca a importância da amizade. Faz-nos reflectir e comparar as situações vividas na década de 60 com a actualidade.
O pior: A frieza de algumas descrições.
O Autor:
Nascido no Porto a 7 de Fevereiro de 1963, foi para Angola com sete meses, tendo vivido um ano em Luanda e doze em Sá da Bandeira (Lubango). Em 1975 regressou para Portugal, mais precisamente, para a cidade do Porto.
Aos dezasseis anos, iniciou a sua carreira como colaborador de O Comércio do Porto na área do desporto. Dois anos mais tarde integrava os quadros do mesmo jornal. Trabalhou ainda no jornal Europeu, no semanário O Liberal, na Rádio Nova e, em 1990, estreou-se na RTP onde, para além de jornalista e repórter, apresentou o programa da manhã e o Jornal da Tarde.
A minha classificação: 6 – Muito Bom.
Período de Leitura: De 15 a 18 de Outubro de 2012.
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